quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Enlaces de um amor Longinquo

Todas as noites chamo por ti
Por entre a bruma densa do norte,
Esperando petrificada no escuro.
Dispo-me de luxos e agarro-me ao futuro

Sei que me ouves no monte da lua,
Por entre a tua floresta de orquídeas,
Qual bardo que aguarda minha chegada
Mas se me não vens guiar,
Acende-me um farol para me encontrar.

Cega e Langue,
Pelas injúrias do teu amor,
Perdi-me na alegoria rítmica das palavras,
Na dialéctica desse lúgubre encanto
E agora, perdida e cega no escuro,
Despreendo-me de luxos e agarro o meu futuro

Leva-me para o teu jardim
Onde guardas as tuas mais preciosas flores,
Ama-me como se nada fosse
E como se o nada fossemos nós

Porém grito teu nome sem respostas,
Meu ópio que me corre nas veias
Graças a ti,
Amo quem não tenho
E desprezo quem me tem.
Deixas-me cega e perdida no escuro.
Dispo-me de luxos e agarro o meu futuro

Ainda sinto nos lábios
O gosto dos beijos que estão para vir,
Sinto na pele os toques que nunca senti,
Sinto saudade do que nunca vivi,
Foi o perfume de tuas palavras
Que se apoderou de mim.

“Controvérsia física, atracção mental”.
Estou farta deste abismo irreal
Onde a idade é um número,
Onde apenas te vejo a ti meu futuro
E mesmo assim nada vi.
Cega por entre o escuro
Dispo-me de luxos e choro o meu futuro

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Composição Sobre a Arte

A Arte é literalmente o que move o mundo, pode ser encontrada em tudo o que nos rodeia pois tudo emite emoções, tudo é belo e tudo é original, único e transcendente.



Quando um Artista cria a sua obra de arte, este fá-lo com o intuito de comunicar aquilo que sente, de fazer passar uma mensagem, seja ela de liberdade ou revolta, clareza ou insipidez, tenta realizar aquilo que tem na sua mente, porém nem sempre o consegue, permanecendo a verdadeira obra de arte no interior da sua mente. Por vezes transfigura algo que viu, uma árvore, uma paisagem ou até uma pessoa mas, atribuindo-lhe emoções e sensações que muita gente não viu, materializando isso para a sua obra, mas, ao salientar esses aspectos, mostrando a quem não viu o que realmente lá estava, é então como um farol que guia os barcos por entre o nevoeiro que ao salientar todos aqueles aspectos, ao transfigurar a imagem que viu para a obra, ela parece que adquire outra forma pois, o artista tornou-a sublime e única ao recriá-la do modo que a sente e não do modo que a viu.


É impossível viver sem a arte, a arte é o meio mais remoto e intrínseco de o ser humano se expressar, é aquilo que nos faz ter uma melhor visão do mundo, revelando-nos aquilo que nós não víamos mas que estava lá, faz-nos querer viver só para ela, adaptando nossa vida em função dela e deixar todo o resto para ultimo plano, focando-nos apenas na beleza que ela emite, faz-nos sentir para além da capacidade humana, só ela nos dá aquele doce refugio que à tanto procurávamos, é através dela que nos expressamos quando as palavras nos faltam.


Tudo neste mundo se esgota menos a Arte, existirá sempre mentes única, criativas e originais que irão idealizar o impossível e concretizá-lo, toda a gente tem isso dentro de si mesmo sem o saber apenas ainda não o encontrou, pois toda a gente é dotada de paixão e criatividade tão próprios da arte, uns mais que outros, mas todos temos essas características.


A arte é simplesmente viver para o momento, sentir tudo o que existe para sentir, reter todos esse sentimentos e experiências e transfigurá-los, torna-los em algo seja qual for o seu aspecto, e mostrar aos outros para que também o possam sentir.


Escrevo isto tudo a partir da minha própria experiência com o desenho, a escrita ou a musica, pois é tudo belo e dotado de sentimentos e vivências, porém escrevi tendo sempre em mente a música, pois tenho consciência de algo tão intenso que sinto quando a faço seja só ou acompanhada, espantando-me como se pode sentir emoções diferentes sempre que se a faz, algo cada vez mais intenso, algo privado e paradoxal, que queremos manter para nós dado ao seu impacto abismal e sentimento intrínseco e pessoal, mas ao mesmo tempo querendo dá-la ao mundo expondo-nos por completo e revelando nosso ser.


Escrevi este texto o ano passado num teste de Filosofia sobre a Arte. No qual agora incluo o meu quadro Favorito de Salvador Dali onde ele claramente mostra que faz a sua arte com o próprio sangue que lhe corre nas veias. Todo ele é arte.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Sonho de Escuridão

Fazes parte do meu sonho. Um sonho pintado enquanto caminhava sob o piso de alcatrão reluzente, isento de todas as suas impurezas pela chuva, enquanto observava a auréola branca e luminosa da lua, escondida por de trás das arvores negras pintadas a carvão.


Por vezes sinto-me presa numa dessas florestas de árvores pintadas a carvão, como uma reclusa entre a escuridão, quase como se estivesse presa numa jaula cujas grandes se inclinam sobre mim e me encurralam, serva do meu próprio fado, uma escrava intemporal da minha própria vida… e morte. Sinto que só tu me podes libertar da crueldade do meu destino que quase me berra aos ouvidos que vou ficar sozinha para sempre, reclusa dentro de mim própria, dentro da minha morte encefalar: quando as sinapses se dissecam e o espírito se perde, morrendo para sempre; desfalecida sob uma pedra pintada a sangue com o meu nome escrito, onde ninguém poderia me encontrar, como se fosse uma dimensão à parte, oculta ao olhar humano, um sitio de beleza tal que chega a ser sublime, porém, um sitio, onde apenas os monstros e as bestas podem entrar, recolhendo a minha alma, a qual destroem, retirando-lhe o direito à imortalidade e a esperança de um dia se libertar.


Isto é apenas a base de todas as minhas superstições e enigmas, a base de tudo aquilo que represento e daquilo em que me vou tornar (um dia) e foi assim, observando Vénus lembro-me do nós que éramos e do nada que agora somos, apercebendo-me da alegoria rítmica representada na palavra “Amo-te” que tanto me dizes. Amo-te. Amas-me? A mim? Não. Porque quando “a” quer dizer “b”, “Amo-te Filipa” significa “Amo aquilo que sei que te irás tornar” (um dia!), amo tudo aquilo que penso que és e se não és vais ser (UM DIA), te irás tornar em tudo aquilo que sou, uma cópia da minha súbita e curta existência (UM DIA??); Nunca mas nunca me vou tornar no que tu queres que seja, não vou permitir a mim própria a marceração do meu ser, lascando lentamente pequenos pedaços do meu ser, para juntar ao teu e formar um todo inquebrável… inquebrável. Desde quando algo que cai e se destroça, e que nós repetidamente tentamos unir com cola num acto de desespero para que ninguém repare na asneira que fizemos é inquebrável?! Mas o “todo” caiu vezes demais, e sempre que tentamos cola-lo tal e qual vaso, existem pequenos fragmentos que se perdem e, em vez de ninguém notar, toda a gente olha e repara no massivo buraco existente naquele “todo” inquebrável que tantas vezes se partiu até não restar quase nada, tentamos disfarçar mas a verdade vem sempre ao decima: nada é perfeito e a perfeição não passa de um ideal, pena o teu não ser eu e o meu não ser o que tu queres que eu me torne.


Porque é debaixo dos planetas e das estrelas que os sonhos se formam e ganham vida, é por entre os devaneios da minha agonia que os da tua felicidade ganham força e é por entre as minhas qualidades que as tuas inseguranças adquirem vida.


Eu Amei-te… Eu Amei-me… Eu Amei-nos… mas tu nunca me amas-te… Amas-te o teu ideal de perfeição e tudo aquilo que idealizaste sobre mim e eu não era, tudo aquilo que colaste e se partiu, tudo aquilo que desejaste e se desvaneceu, tudo aquilo que eu sou, mas tu não queres.


Prefiro jazer na pedra, prefiro jazer num sitio invisível e doloroso, do que ser visível aos teus olhos e tu não me veres realmente. Assim prefiro ficar, desprovida da minha existência numa pedra pintada a sangue com o sorriso da ironia estampado em frieza, como se de mim troçasse.


Por muito que a morte me possa desprover de existência, por muito que os demónios me possam devorar a alma e flagelar o corpo, tu nunca me vais conseguir destruir. Tu devaneio das minhas loucuras e objecto da minha devoção, (Tu) aquele que me julga amar e não ama (Tu).


Deito-me sob o meu jazigo por entre a bruma densa do norte, penso em como fui ingénua em acreditar e como fui erudita em perceber, em como fui forte em aguentar e fraca em te amar, relembro o doce cheiro da primavera do teu rosto e do verão ardente do teu olhar, penso em como vai ser desaparecer, ser ocultada da face da terra no sitio onde a lua bate, penso no que me irá acontecer quando me retirarem a imortalidade de espírito e destruírem aquilo que mais preso, mas sim, ainda sinto o sabor da ironia nos meus lábios. Pois afinal não era eu que te ia Deixar?


Este Texto ilustra a raiva e a dor que senti quando quase fiquei sem aquele que amei, ele nao me deixou(na altura), mas a raiva e a dor cegam tanto, que muito do que escrevi nao passa de uma mentira, um devaneio de loucura, quando tudo julguei perdido, no entanto, naquele dia, naquela hora, tudo me parecia tão real, como se tivesse feito uma incrivel e horrivel descoberta. A raiva cega uma pessoa, mas o desespero e' que a deita ao chão.